Maldições: Uma Visão geral sobre o tema

De forma superficial maldições são intenções negativas ou energias prejudiciais direcionadas a uma pessoa, lugar ou objeto com o propósito de causar dano, azar ou infortúnio. Ao longo da história e em diversas culturas, maldições têm sido temidas e respeitadas como poderosas manifestações da magia. Para compreendermos melhor sobre maldições precisamos conhecer as variedades existentes, em minhas pesquisas e estudos percebo que elas podem ser dividas em nove tipos, sendo eles:

Maldições Verbais:

Descrição: São maldições proferidas por palavras. Elas podem ser impulsivas, ditas no calor do momento, ou deliberadas, proferidas com intenção e foco.
Exemplos: Uma pessoa amaldiçoando outra dizendo “Você nunca encontrará felicidade em sua vida!, “Que você nunca encontre a paz.” – Uma maldição que deseja perturbação constante ou inquietação na vida de alguém. “Que sua colheita seque e seu gado morra.” – Uma maldição agrícola, muitas vezes pronunciada em sociedades agrárias, desejando falha nas safras ou infertilidade nos animais. “Que o chão sob seus pés sempre queime.” – Uma maldição que deseja desconforto ou insegurança constante.
Detalhes: A potência da maldição verbal depende da força emocional e da intenção por trás das palavras. A crença da vítima na maldição também pode fortalecer seu efeito.
Histórico/Prático: Um dos exemplos mais notórios é o anátema, uma forma de excomunhão proferida contra alguém, frequentemente usado na antiguidade pelos líderes da igreja. Lembre-se que estamos citando o anátema no contexto da igreja, uma vez que essa palavra possa ter outros significados em períodos e óticas diferentes.
Artes: Em “Romeu e Julieta” de Shakespeare, Mercúcio, ferido mortalmente, exclama: “Uma praga em ambas as vossas casas!”

Maldições Simbólicas:

Descrição: Essas maldições são transmitidas ou representadas por meio de um símbolo, objeto ou ritual.
Exemplos: O ato de fazer um boneco para prejudicar alguém ou desenhar um símbolo específico com a intenção de causar dano. Desenhar um sigilo ou símbolo mágico negativo com a intenção de causar dano a alguém ou algo. Realização de um ritual onde um objeto que representa uma pessoa (como uma foto ou um pertence pessoal) é danificado ou destruído.
Detalhes: A conexão entre o símbolo e a vítima é crucial. A posse ou proximidade do objeto amaldiçoado pode intensificar a maldição.
Histórico/Prático: As bonecas são um exemplo simbólico, onde o dano infligido à boneca é pretendido para a pessoa que ela representa.
Artes: No filme “Coraline”, a boneca que se parece com a protagonista é usada para controlá-la e trazê-la para outro mundo.

Maldições Geracionais ou Hereditárias:

Descrição: São maldições que são transmitidas de geração em geração dentro de uma família ou grupo.
Exemplo: Uma maldição que afirma que todos os primogênitos de uma família sofrerão uma tragédia particular. Maldições lançadas em uma família inteira devido a um ato cometido por um ancestral, como uma traição ou crime. Crenças em algumas culturas de que certos comportamentos ou ações podem levar a infortúnios que persistem por gerações.
Detalhes: Muitas vezes essas maldições têm origens antigas e podem ser o resultado de atos cometidos por antepassados. As histórias de maldições geracionais são comuns em muitas culturas e são frequentemente usadas para explicar infortúnios contínuos em uma linhagem familiar.
Histórico/Prático: Algumas famílias reais europeias acreditavam estar sob maldições que causavam infortúnios ou mortes precoces em suas linhagens.
Artes: A “Maldição dos Kennedy” é frequentemente explorada em documentários e dramas, sugerindo uma série de tragédias que ocorreram com a família Kennedy ao longo dos anos.

Maldições de Localização:

Descrição: Estas são maldições ligadas a um lugar específico. Qualquer pessoa que entre ou habite esse lugar pode ser afetada pela maldição.
Exemplo: Uma casa amaldiçoada onde os habitantes experimentam infortúnios contínuos, perdem todas as suas posses ou sofre com obsessões paranormais. Lugares onde batalhas ou massacres ocorreram às vezes são considerados amaldiçoados. Edifícios ou estruturas abandonadas, como hospitais ou prisões antigas, onde sofrimento ou morte ocorreu em grande escala.
Detalhes: Lugares amaldiçoados podem ter histórias trágicas ou terem sido palcos de eventos negativos. Há muitos contos populares sobre lugares como casas mal-assombradas, florestas amaldiçoadas ou terrenos sagrados que foram profanados.
Histórico/Prático: Acredita-se que o Túmulo do faraó Tutancâmon tenha uma maldição, pois muitos daqueles que entraram no túmulo ou estavam associados à sua descoberta encontraram infortúnios ou mortes precoces.
Artes: A série de filmes “Poltergeist” explora atrocidades que ocorrem em uma casa construída em um antigo cemitério indígena.

Automaldição:

Descrição: Como o nome sugere, é uma maldição que a pessoa involuntariamente lança sobre si mesma, muitas vezes por meio de pensamentos e palavras negativas persistentes sobre si próprio. Tome cuidado, essa é a mais comum. Enquanto cartomante, percebo que automaldições podem ser verdadeiras catástrofes na vida de alguém. Infelizmente elas são mais comuns do que você pode imaginar. Me parece que existe um hábito inconsciente das pessoas de se jogarem para baixo, independente da causa deste hábito, se você o possui busque mudar para não gerar ainda mais problemas ou provações em sua vida.
Exemplo: Uma pessoa constantemente se dizendo “Eu sou um fracasso” ou “Nada de bom acontece comigo”. Votos feitos em momentos de grande emoção, como “Nunca serei feliz de novo”.
Detalhes: A automaldição pode ser resultado de baixa autoestima, traumas passados, crenças limitantes internalizadas ou a dificuldade que a vida traz na vida das pessoas. Ela pode afetar negativamente o bem-estar mental, emocional e até físico. Não posso ser hipócrita e afirmar que apenas as “crenças limitantes” são a causa da automaldição, um vez que a realidade de cada um é única e individual. As vezes a vida está péssima mesmo, as vezes você perdeu seu emprego, finalizou uma relação, reprovou em um teste e tudo isso é desanimador. Não estou falando para manter um positividade tóxica, mas sim compreender que em certos casos é melhor só gritar e esbravejar, do que sair falando tudo o que está entalado no calor da emoção. Pois isso pode gerar certas consequências.

Maldições de Vidas Passadas:

Descrição: Essas maldições fazem parte da crença de algumas tradições esotéricas e espirituais como sendo originadas em encarnações anteriores e que carregam seu efeito para vidas subsequentes.
Exemplo: Um indivíduo pode sentir que está enfrentando infortúnios inexplicáveis e, por meio de regressões ou leituras espirituais, descobrir que eles são o resultado de uma maldição de uma vida passada.
Detalhes: Essas maldições são complexas e muitas vezes envolvem a crença individual de cada um. Resolvê-las pode exigir reflexão se isso de fato é real, caso se confirme recorra a rituais de limpeza, em certos casos a prática de perdão pode ser benéfica.
Artes: Em obras de ficção que exploram a reencarnação, como em alguns romances de romance e fantasia, amantes ou inimigos de vidas passadas reencontram-se em novas vidas, trazendo consigo velhas bênçãos ou maldições.

Maldições Indiretas:

Descrição: Estas não são dirigidas especificamente a uma pessoa, mas a pessoa pode ser afetada por estar associada a algo ou alguém que foi amaldiçoado.
Exemplo: Alguém amaldiçoa um evento, e todos que participam são afetados. Maldições lançadas em uma área que afetam todos que entram, independentemente de serem o alvo original.
Detalhes: A potência dessas maldições pode variar, e nem todos os associados podem ser igualmente afetados.
Histórico/Prático: Em algumas culturas, se um lugar é amaldiçoado, como um terreno ou casa, qualquer um que entre pode ser afetado, mesmo que a maldição não tenha sido dirigida especificamente a eles.
Artes: Em “O Senhor dos Anéis” de J.R.R. Tolkien, aqueles que usam o Anel Único são afetados por ele.

Maldições de Objeto:

Descrição: Maldições ligadas a um objeto específico. Qualquer pessoa que possua ou entre em contato com o objeto pode ser afetada.
Exemplo: Uma joia ou artefato amaldiçoado que traz infortúnio a seus proprietários. Artefatos antigos que se acredita carregar energias negativas ou maldições de seus antigos proprietários ou de eventos associados a eles. Presentes dados com má intenção que trazem infortúnio para seus destinatários.
Detalhes: Há muitos contos e lendas sobre objetos amaldiçoados, desde artefatos antigos até itens mais comuns que foram objeto de raiva ou vingança.
Histórico/Prático: O Diamante Hope é famoso por supostamente carregar uma maldição, trazendo desgraça a seus proprietários.
Artes: No filme “A Múmia”, um artefato é removido de seu lugar de descanso, liberando a maldição da múmia. O exemplo do Senhor dos Anéis também se encaixa neste tipo de maldição, uma vez que estava ligada a uma objeto.

Maldições de Traição:

Descrição: Maldições que surgem como resultado de traição ou deslealdade. São muitas vezes impulsionadas por sentimentos intensos de raiva e desejo de vingança.
Exemplo: Uma pessoa traída lança uma maldição sobre o traidor, desejando que ele nunca encontre amor verdadeiro novamente. Maldições lançadas por amantes traídos desejando infortúnio ou infelicidade no relacionamento subsequente do traidor. Alguém que foi traído em um negócio ou acordo lançando uma maldição no traidor, desejando falência, ruína ou infortúnio.
Detalhes: Essas maldições são carregadas com emoções fortes, tornando-as potentes. Elas podem se manifestar de diversas maneiras, desde problemas de relacionamento até outros infortúnios.
Histórico/Prático: Ao longo da história, traidores muitas vezes foram amaldiçoados por aqueles que se sentiram traídos, seja em acordos políticos, alianças ou relacionamentos pessoais.
Artes: Em “Macbeth” de Shakespeare, Macbeth trai e mata o rei Duncan, o que leva a uma série de eventos amaldiçoados que resultam em sua própria queda e morte.

Ao mergulhar nos mistérios das maldições, encontramos mais do que simples histórias para assustar crianças em noites escuras ou como enredo para ficção. Maldições são emblemas de nossas profundas inseguranças, medos e o poder das intenções dirigidas, afinal isso é MAGIA – sejam elas para o bem ou para o mal. Em culturas ao redor do mundo e através dos tempos, essas energias expressas por palavras, símbolos ou ações, têm sido um testemunho do respeito humano pelo poder do desconhecido. No entanto, é fundamental lembrar que, assim como a escuridão é complementada pela luz, o poder de qualquer maldição é equilibrado pelo poder da proteção e da cura. No final das contas, é nosso entendimento, respeito e intenção consciente que determinam se nos tornamos vítimas de maldições ou se buscamos nossa própria libertação. E, como em todos os aspectos da magia, o conhecimento é a chave para desvendar e transcender essas amarras.

Com amor e encanto eu me despeço.
Por Eduardo Sirena.